sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Açude Velho de tantas histórias




O Açude Velho foi o primeiro açude construido em Campina Grande. Localizado bem no centro da cidade, o açude é hoje um cartão postal do município e uma de suas áreas de lazer e esportes mais conhecidas. Nas suas margens a população caminha, corre, anda de bicicleta e pratica diferentes outros esportes. Em torno do açude se localizam também um bom número de bares e restaurantes que agitam a noite da cidade. Os monumentos aos tropeiros da borborema e a Jakson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, bem como o Museu de Arte Popular da Paraíba, projeto do arquiteto Oscar Niemayer, circundam as suas águas.
Construído por causa de uma grande seca que se abateu ferozmente sobre o Nordeste entre os anos de 1824 e 1828, o açude só foi inaugurado em 1830. Erguido no leito do antigo "riacho das piabas", o açude serviu durante anos ao povo de Campina e da região do Compartimento da Borborema que usava de suas águas para diversos fins. Conta-se, por exemplo, que em suas águas banhavam-se homens e mulheres, cada qual em um canto previamente definido do açude para se resguardar os pudores. Conta-se ainda que a população local banhava os  animais de estimação (burros, cavalos, etc) nas águas do famoso manancial.
Ainda em 1830 foi inaugurado um outro açude no município, o Açude Novo, hoje Parque Evaldo Cruz, e em 1915 foi inaugurado o também famoso Açude de Bodocongó. Este último dá nome a um populoso bairro da cidade e foi imortalizado pela voz de Elba Ramalho (falaremos sobre eles depois). Como se pode ver, a preocupação com a construção de açudes é um reflexo do problema da escassez de água na cidade e na região, problema que só vai se resolver com a construção do açude Epitácio Pessoa, o Açude de Boqueirão, na cidade do mesmo nome.

Nas fotos abaixo, podemos ver o Açude Velho em fases diferentes. Na primeira foto, podemos notar que a urbanização de suas margens praticamente não existia e o açude ainda se apresentava ao natural, com pequenos casebres ao seu redor. A expansão urbana em sua direção era ainda incipiente. Na foto seguinte, podemos notar Campina Grande ocupando as margens do açude. 


Foto: coleção particular de Lêda Santos de Andrade




Nas fotos que se seguem, podemos observar o Açude Velho nos dias de hoje, completamente urbanizado e bem integrado à cidade como área de lazer e esportes. Note-se ao seu redor as edificações modernas e a sua arborização, com destaque para as grandes palmeiras que circundam sua margem. 


















 



Uma Curiosidade sobre o açude Velho: Fundada em Campina Grande pelo empresário Roldão Mangueira de Figueiredo, a seita messiânica conhecida como os Borboletas Azuis, assim chamados pela vestimenta azul e branca que seus membros costumavam usar, pregava que o mundo seria destruído por um dilúvio na década de 1980 do século passado. A catástrofe foi anunciada para o dia 13 de maio de 1980. Naquele dia, conforme "profetizou" Roldão Mangueira, as comportas do céu seriam abertas e as águas iriam inundar toda a Terra. No seu período aureo, a seita chegou a ter aproximadamente 700 membros e atraiu a atenção do mundo inteiro para Campina Grande.
O curioso: Roldão Mangueira, certa vez, seguido de suas borboletas azuis, resolveu que iria atravessar o açude velho andando sobre suas águas. Era mais uma prova do seu poder e de que o fim dos tempos estava mesmo por vir. É claro que Roldão Mangueira foi prontamente demovido dessa idéia. O Corpo de Bombeiros,  chegou justamente quando o grupo liderado pelo profeta se preparava para entrar nas águas do açude.

Você pode ler mais sobre a seita no artigo "Borboletas azuis: crenças de um movimento messiânico-milenarista", escrito por Lidiane Cordeiro Rafael de Araújo, Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.

Baixe aqui o artigo:

Sobre os borboletas azuis e muitas outras histórias de e sobre Campina Grande visite também o blog:


Como se não bastasse tanta história e tanta curiosidade, o Açude Velho abriga ainda um morador ilustre em suas águas: um jacaré. Isso mesmo, um jacaré. Não se sabe ao certo de onde ele veio, se de algum criatório particular ou de outro local. O certo é que ele escolheu o açude velho como sua moradia, como atesta uma reportagem da TV Itararé, emissora de TV local. Pois é, acabou o mistério. O jacaré do açude velho não é uma lenda urbana. É realidade. Assista o vídeo em  http://www.youtube.com/watch?v=orjUzOdDUkg


O jacaré passeando pelo canal que dá acesso ao açude - foto internet


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