terça-feira, 20 de março de 2012

Adeus à fábrica da Caranguejo


Foto: wikipédia

O registro vem com certo atraso. Mas tudo bem. A ferida ainda continua lá, aberta, e não custa nada relembrar o dia em que a fábrica ruiu. Afinal, temos uma memória tão curta e sequer cuidamos do nosso passado, tamanha a ânsia de querer seguir em frente.

Fazia uma tarde quente e ensolarada na serra e eu estava a caminho de João Pessoa. Ia passar o final de semana por lá. Quando me dirigia para a saída da cidade, passando de carro entre o Hiperbompreço e a fábrica da Caranguejo, no açude velho, me deparei com a imagem chocante da fábrica sendo posta no chão. Incrível. Eu, que durante anos e anos me acostumei a ver e a transitar diariamente pelos arredores da antiga e histórica fábrica, olhava atônito o seu fim. A antiga chaminé estava no chão, não havia sequer lembranças dela, e o edifício da fábrica estava sendo devastado lentamente, meticulosa e pacientemente, espalhando poeira por todo lado. Fiquei ali parado, por um tempo, olhando a ruina se avolumar diante dos meus olhos que ardiam com o pó fino dos escombros. Ao meu lado, inúmeros outros olhares, curiosos, contemplavam mais um patrimônio histórico de Campina vir ao chão. Nós, que estavamos alí, assistimos atônitos a uma cena que teima em se repetir em nossa cidade. O avanço do mercado imobiliário sobre áreas de patrimônio histórico, cultural e natural do município vem gradativamente apagando de nossa paisagem urbana as marcas de seu passado. Basta olhar para a região do entorno do açude velho, especialmente a região situada entre o açude e a rua João da Mata. Gradativamente as antigas casas estão indo ao chão, cedendo lugar a torres cada vez maiores. Uma pena. Peguei a minha máquina fotográfica e resolvir fazer um registro. Tirei algumas fotos do grande terremoto que se abateu sobre a antiga Caranguejo.

















A empresa imobiliária que comprou o pédio e botou a Caranguejo no chão promete construir um grande empreendimento em seu lugar. E as obras já caminham a todo vapor. Abaixo uma foto das torres que deverão sugir no lugar do antigo prédio.



Aproveitei também para fazer um vídeo registrando a derrubada das antigas instalações que alí existiam. Um pequeno registro dos últimos momentos da Caranguejo, fábrica que marcou a história recente de Campina Grande. Um vídeo para um último adeus. 
 



terça-feira, 13 de março de 2012

A lojinha campinense

Discos, livros e afins: de tudo um muito




Quem frequenta a praça Clementino procópio deve conhecer bem a Lojinha Campinense. Aquela que fica logo abaixo do Abrigo Maringá. Pequena, apertadinha, com produtos misturados e espalhados por todo canto, a loja oferece um pouco de tudo, misto de sebo, discoteca e venda de usados. Uma festa de cores e produtos variados: livros, discos (vinil e CD), ficas VHS, video-cassete, aparelhos de som usados, revistas, máquinas fotográficas, ferros de engomar, e coisas de todo tipo que os frequentadores levam para vender ou trocar com o seu Antônio, o dono da loja. O seu Antônio, comerciante de longas datas, mantém a lojinha aberta a mais de vinte anos e faz qualquer tipo de negócio: compra, troca, vende, se não tiver na loja ele encontra, empresta, aluga... A idéia é que o cliente, seja lá o que ele pretenda, não saia de lá sem fazer negócio.






Esse modelo de comércio, especialista em vender de tudo um pouco, misturando produtos diversos e inusitados em um só lugar, parece ser bastante comum em todo nordeste, ajudando a criar emprego e renda e dinamizando as economias locais. Em Mossoró (RN), por exemplo, lojas desse tipo fazem parte da vida cotidiana da cidade. O jornal "O mossoroense" publicou uma matéria sobre esse tipo de comércio na cidade. "O que você quiser eu tenho. E se não tiver, eu arranjo". É assim que o comerciante Ednaldo Teixeira responde quando alguém lhe pergunta o que vende. E ele não é o único que vende "tudo" em Mossoró. Empresários do ramo, considerado rentável por eles, reúnem em uma só loja produtos cada vez mais inusitados - a maioria usados -, dispostos a satisfazer todas as necessidades do freguês. http://www2.uol.com.br/omossoroense/111205/conteudo/cotidiano1.htm Em Campina Grande, seu Antônio deve ser o mais antigo comerciante do ramo.






Eu costumo frequentar a lojinha com certa regularidade. É sempre um prazer aparecer por lá, ver as novidades mais recentes, garimpar discos de vinil e livros usados, bater um papo com os frequentadores do lugar, encontrar amigos. Já encontrei discos raros na loja, comprei bons livros e revistas e tudo por um preço altamente convidativo.
 





Vale a pena conhecer a lojinha. Encontre um tempinho e apareça por lá para garimpar um bom livro, uma revista antiga, um disco de vinil em bom estado, ou mesmo para dar uma olhada nesse tipo de comércio popular tão comum em todo nordeste.