quarta-feira, 25 de março de 2015

A rua Coronel João Lourenço Porto


A rua vista do alto, das janelas do hotel Ouro Branco, hoje Onigrat Hotel


Quando pela primeira vez ouvi falar da rua Coronel João Lourenço Porto, ela se chamava rua da Floresta, ou era assim chamada pelos seus moradores. Isso no final dos anos 1970 e meados dos anos 1980, quando as quadrilhas juninas dos bairros eram a grande atração das festas juninas de Campina. A "rua da Floresta" tinha uma das melhores e mais tradicionais quadrilhas da cidade e fazia uma festa incrível, atraindo um público enorme. Naquela época era comum as quadrilhas de bairro e as festas comunitárias que elas faziam. Eu mesmo rodei por Campina com minha turma do Jardim Paulistano, procurando quadrilhas para assistir e se divertir. E muitas vezes estivemos lá, na Velha João Lourenço Porto, curtindo a animação. O São João tradição de Campina Grande era assim na sua essência, um São João de bairro, comunitário, e a quadrilha da floresta era uma das mais animadas. Ao longo dos anos 1980, porém, o São João de Campina começou a mudar. Entrava em uma nova fase, estava em processo de modernização. Em 1983 o Parque do Povo começava a tomar forma e o São João de Campina, dali em diante, nunca mais seria o mesmo. A quadrilha e a rua da floresta marcaram um ponto de inflexão no nosso São João. Naquela rua e com aquela quadrilha Campina viveu o auge dos velhos festejos juninos, preso às antigas tradições e, paradoxalmente, viu a festa se modernizar e se industrializar. O São João de rua, de quadrilhas de rua e de bairro, ia ficando cada vez mais no passado e na lembrança. E a velha e animada rua nunca mais seria a mesma.












João Lourenço Porto, o patrono da rua, foi prefeito de Campina Grande no início do século XX, entre 1901 e 1904. João era pentaneto de Teodósio de Oliveira Lêdo e foi o antecessor imediato de Cristiano Lauritzen, que governou Campina Grande de 1904 a 1923, um dos mais longevos governos da cidade. Foi na gestão de João Lourenço Porto que Campina Grande ganhou o Cemitério do Monte Santo, o mais antigo e tradicional da cidade. João Lourenço foi ainda Deputado Provincial entre 1878 1879 e Deputado Estadual em duas legislaturas, 1892 e 1896. 











Hoje, a João Lourenço Porto é uma rua moderna, profundamente integrada ao centro comercial de Campina Grande, embora ainda acolha algumas residências, famílias que teimam em não arredar o pé de lá. É uma rua pequena. Começa ali na Praça Clementino Procópio quando ela se encontra com a Vidal de Negreiros e acaba na não menos emblemática e originária rua Vila Nova da Rainha, aquela que viu Campina nascer. No início da rua encontramos logo de cara um dos edifícios que marcaram a história de Campina, o prédio do antigo Hotel Ouro Branco, nome que nos faz lembrar de uma das fases mais ricas e prosperas da cidade, a era de ouro do algodão. No final da rua nos deparamos com a tradicionalíssima feira central, uma das maiores e mais importantes de todo o Nordeste. Andar pela rua é como respirar a história de nossa cidade.






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