quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A rua Venâncio Neiva




A rua Venâncio Neiva é uma das principais e mais tradicionais ruas do centro de Campina Grande. Ela começa no cruzamento com a Floriano Peixoto, bem em frente à Praça Clementino Procópio, e vai indo ladeira acima até acabar bem de frente com a agência central do Banco do Brasil, na rua 7 de Setembro. Tradicionalmente é uma rua tipicamente comercial, compondo com a Maciel Pinheiro e outras artérias centrais, o grosso do comércio lojista de Campina Grande. É na Venâncio Neiva que se encontra a entrada para o Edifício Rique, um dos mais antigos de Campina, sede da TV Borborema e da extinta Rádio Borborema. É lá que se encontra o Bar do Genival, O Hotel Central, o posto de saúde Dr. Francisco Pinto e a tradicionalíssima loja Brasil Modas, especialista em roupas masculinas e provavelmente uma das mais antigas da cidade. No passado, a rua abrigou também uma das mais tradicionais casas do ramo de material esportivo de todo o município, a loja "A Bola". 










A rua Venâncio Neiva, como todo o centro histórico de Campina, é quase toda formada por construções em estilo Art Déco, seguindo o modelo ditado pelo prefeito Vergniaud Wanderley, após a ampla reforma urbanística realizada em Campina Grande entre os anos 1930-1945. Apesar de algumas reformas recentes terem destruído parte desse patrimônio, modificando substancialmente alguns dos prédios antigos, a arquitetura da rua segue resistindo aos ataques, ao descuido e ao abandono. Andando pela rua ainda podemos encontrar prédios suntuosos, belíssimos mesmo, lembranças de um tempo em que as mudanças e as transformações urbanas foram uma febre em Campina Grande.











No começo do século vinte a rua Venâncio Neiva não era mais que um beco sujo e mal cheiroso próximo à feira de Campina que, na época, se localizava na Rua Grande, hoje, rua Maciel Pinheiro. A sujeira da feira escorria então para a rua ou era depositada por lá. E era tão grande a imundice que a rua ficou conhecida como "beco da merda" ou "beco do mijo", conforme consta no blog cgretalhos. (Acesse o blog e veja a postagem clicando aqui). Só depois da intervenção de Vergniaud Wanderley é que ela começou a tomar jeito e assumir as suas feições atuais. A rua deve seu nome a uma homenagem prestada a Venâncio Augusto Magalhães Neiva, governador da Paraíba entre os anos 1889 a 1891.

Sobre o estilo Art Déco e sua presença em campina grande vale a pena assistir ao vídeo produzido pelo programa Diversidade da TV Itararé. Veja o  vídeo.

domingo, 18 de agosto de 2013

Friozinho no alto da serra


O Bairro do Catolé sob nevoeiro

Campina Grande já não é mais a mesma. Já vai longe o tempo quem que a cidade era dominada por aquele friozinho gostoso que durava meses sem fim, gelando tudo, molhando e umedecendo tudo. Aquela chuvinha fina que durava dias, semanas a fio, lavando lentamente as ruas e calçadas, também ficou para traz. Naqueles dias, quanto mais a chuva insistia e se demorava mais o frio tomava conta da serra da Borborema, gelando o nosso corpo e a nossa alma. Era tão bom. A cidade se preparava literalmente para o frio. Desfilavam-se roupas volumosas, colchas de algodão deixavam os armários, calçados apropriados para aguentar lama e chuvisco viravam moda e os velhos guarda-chuvas e sombrinhas coloridas desfilavam pelas ruas. O frio se espalhava literalmente pela serra animando a alma de nossa gente. Mas os tempos mudaram muito. A cidade cresceu e se verticalizou, as ruas foram se pintando de asfalto, a natureza no entorno da  e na cidade sofreu agressões irreparáveis e o bom friozinho, acossado também pelas mudanças climáticas que afetam todo o planeta, foi diminuindo a cada ano, se escasseando, se amiudando. Campina Grande não é mais aquela cidade friorenta do passado, que era conhecida pela frieza de seu inverno e pela exuberância de sua garoa. Estes dias rareiam-se, diminuem. Cada vez mais os dias frios cedem espaço ao calor e ao sol implacável que clareia e aquece a maior parte de nossos dias. Contudo, nos diminutos dias de frio que ainda nos resta, Campina insiste em dar um espetáculo de beleza. A garoa teima, contra todas as agressões, e o frio insiste na sua resistência solitária, para a nossa alegria.


Rua Cassiano Pereira, no Jardim Paulistano. Chuva e frio.

 Bodocongó, visto do campus da UEPB

O bairro de Bodocongó com o açude ao fundo.



A Avenida Canal do Prado.

A cena de um espesso nevoeiro cobrindo Campina Grande, especialmente no início da frias manhãs, é ainda possível de se ver, embora o nosso inverno esteja cada vez mais curto e irregular. Mas a cidade resiste no alto da serra, ela é forte, e quando pode nos presenteia com espetáculos de raríssima beleza. Nestes dias é bom sair de casa, enfrentar o frio e contemplar. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

A feira de colecionadores de Campina Grande




Porque as pessoas sentem tanta vontade, tanto desejo em guardar as coisas, em colecionar os mais diferentes objetos? É fato que revistas, selos, figuras, fotos, discos, moedas e até mesmo coisas estranhas ou aparentemente insignificantes como tampinhas de garrafa e pedras se tornam objeto de desejo  dos colecionadores. Mas como explicar essas manias? Como entender o que se passa na mente desses empedernidos guardadores de objetos? Poderíamos imaginar uma série de motivos, dos mais coerentes aos mais esquisitos! Podemos dizer, por exemplo, que o ato de colecionar objetos vem da necessidade e do desejo premente de o homem tentar reter o tempo que corre, escorre entre suas mãos e lhe escapa de maneira inexorável. Assim, guardar coisas seria uma tentativa vã de deter a força do tempo, de um tempo bom, cheio de alegrias e boas lembranças que não voltam mais. A coleção, seja ela de figurinhas, de fotos, de revistas ou de selos, nos ajudaria a reter momentos que marcaram de  forma única e especial as nossas existências, colocando-as em suspenso em nossa memória. Ela nos traz de volta o cheiro e o rosto agradável de pessoas que já não temos, ou que perdemos ou há muito não vemos, os lugares de outrora, os objetos que marcaram as nossas vidas e as diferentes emoções que esses tempos e pessoas despertaram em nós. Afinal, as lembranças devem a sua matéria e a sua essência aos objetos, às coisas e às imagens de que dispomos e que povoam a nossa consciência atual. (1).

As nossas coleções são reflexos da angústia existencial que nos domina, ansiosos que estamos por reter, deter, fazer parar e dominar o que nos é impossível: o tempo, a nossa própria existência. Colecionar coisas "[...] é uma forma de tornar objetivo e material tudo o que tentamos reter na fantasia [...]" (2). Colecionamos, enfim, para afugentar, despistar ou mesmo ludibriar, nem que seja momentaneamente, a ideia de  morte e de finitude que nos persegue. Contra a morte, temos a fantasia. E nossas adoráveis coleções.





Campina Grande também faz parte desse circuito da memória e da fantasia. Há aproximadamente três anos a cidade dispõe de uma feira de colecionadores, amantes das coisas antigas, memorialistas de plantão. A feira ainda é pequena, mas tem de tudo um pouco. Revistas, discos de vinil, filmes, livros, moedas e selos raros podem ser encontrados no pequeno espaço em que a feira acontece. E é um prazer visitar o pequeno mercado, correr os olhos pelas coleções e sentir o tempo fluir por cada objeto em exposição. Um prazer também encontrar e conversar com os colecionadores amadores e profissionais que aparecem por lá para comprar, vender, trocar ou simplesmente apreciar as antiguidades expostas de forma ordeira pelo chão.












A feira acontece todos os sábados pela manhã no coreto central da praça Clementino Procópio, bem no centro de Campina Grande. Começa por volta de nove horas e vai até depois de meio dia. Muito legal. Vale a pena dar uma passadinha por lá sem compromisso algum, a não ser matar a saudade de tempos que não voltam mais. Afinal, a “[...] memória é um cabedal infinito do qual só registramos um fragmento” (3).


Referências:

(1) BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 15ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
(2) TÁVOLA, Artur da. Comunicação é mito: televisão em leitura crítica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 158.
(3) BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 15ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 39.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O Grande Hotel




O prédio do Grande Hotel é um dos mais bonitos e tradicionais de Campina Grande. Situado numa das ruas mais importantes da cidade, a avenida Floriano Peixoto, o antigo hotel serve hoje ao governo municipal como uma de suas secretarias. Bonito e imponente, construído em quatro andares, coisa incomum para a época, cimento e concreto modelando o seu estilo décor, o Grande Hotel foi construído na gestão do prefeito Vergniaud Wanderley. Sua construção foi iniciada em 1936 e só em 1942 estava sendo entregue solenemente à população de Campina Grande.





O Grande Hotel foi um marco no processo de modernização de Campina Grande durante as gestões de Vergniaud Wanderley. A modernização da avenida Floriano Peixoto, a construção do edifício Anézio Leão, conhecido como o "Prédio da Municipalidade", onde funcionou a antiga prefeitura de Campina, a Câmara dos Vereadores e hoje funciona a Biblioteca Municipal, e o conjunto Art décor do centro comercial fizeram parte desse processo intenso de modernização da cidade. Na época, além do luxo e da distinção, o Hotel ficou conhecido também pelo movimentado cassino que funcionava em suas dependências. O advogado e cronista Hortênsio Ribeiro acompanhou de perto a construção do hotel e falou sobre ele. "Estivemos ontem a olhar as obras de cimento armado que estão indo para adiante, graças aos esforços do prefeito Vergniaud Vanderlei que não come nem dorme, absorvido inteiramente pelo pensamento de dotar Campina Grande de um hotel compatível com o desenvolvimento e progresso da cartaginesa cidade do sertão" (1)




(1) Fonte. "Nota do dia", em A Imprensa, nº 41, 24/2/1937, p. 3. Extraído de SOUSA, Fabio Gutemberg Ramos Bezerra de. Campina Grandecartografias de uma reforma urbana no Nordeste do Brasil (1930-1945). Rev. Bras. Hist. [online]. 2003, vol.23, n.46, pp. 61-92. ISSN 1806-9347.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Rua Antônio Guedes de Andrade




A rua Antônio Guedes de Andrade, é um pequeno logradouro que se situa no comecinho do bairro do Catolé, bem próximo ao centro de Campina. A rua começa às margens do Açude Velho, em frente ao antigo CEU (Clube dos Estudantes Universitários) e se estende até a avenida Canal do Prado. Apesar de pequena, a rua se tornou conhecida por acomodar o Centro de Educação da UEPB, o CEDUC, e o curso de Serviço Social da mesma Universidade. A rua era muito movimentada quando os cursos da UEPB funcionavam por lá. Muita gente, trânsito enorme e muitos ônibus escolares se perfilavam ao longo do seu trajeto. Hoje, o que predomina é o silêncio e a tranquilidade de uma rua pacata, bem arborizada e de pouco movimento. A pequena Antônio Guedes de Andrade é hoje uma rua tipicamente residencial e não há mais nada que lembre o pequeno comércio que se desenvolveu  no tempo em que a universidade funcionava na rua.












A rua se situa numa região bem valorizada da cidade. No seu entorno podemos encontrar inúmeros pontos de referência do município. Na vizinhança se encontram o tradicional Açude Velho, o Parque da Criança, a avenida Brasília e a Vigário Calixto, o asilo, escola e igreja de São Vicente de Paula, o Sesc Açude Velho, entre outros. Na imediações funcionava antigamente o "Cave", famoso bar e restaurante dos anos 1980, bem em frente ao CEU, e a fábrica de bebidas "Caranguejo", demolida a pouco tempo para a construção de edifícios residenciais e comerciais.