terça-feira, 19 de abril de 2011

O que se tem escrito sobre Campina Grande

Campina Grande pela ótica da literatura


A antiga estação velha


Campina Grande é uma cidade que inspira os escritores. Cronistas cheio de saudade, historiadores, geógrafos, sociólogos e poetas dedicam-se a escrever sobre a cidade, sobre sua história, seus personagens, e sua cultura. Além dos livros, a cidade é alvo/objeto de inúmeros artigos e estudos acadêmicos que buscam compreender a dinâmica social, cultural, política e econômica do município. Fiz um levantamento preliminar dos livros que foram publicados e que tomam a cidade como tema. Não é ainda uma lista muito extensa mas podemos ampliá-la. É minha intenção também fazer um levantamento dos artigos que foram publicados sobre a cidade, mas isso fica para depois. A lista não segue nenhuma ordem, nem alfabética nem cronológica, e o ano de publicação é o mesmo da edição consultada. Segue a lista dos livros.

* Campina Grande: História e política - Alcides de Albuquerque do Ó, 1998.
* História de Campina Grande - Elpídio de almeida, n/d.
* História da mídia regional: o rádio em Campina Grande - Antônio Clarindo B. de Sousa e Outros, 2006.
* Subsídios para a história eclesiástica de Campina Grande - Boulanger de Albuquerque Uchôa, 1964.
* Imagens multifacetadas da história de Campina Grande - Eliete Queiroz Gurjão (Org), 2000.
* Os alicerces de Campina Grande - Epaminôdas Câmara, 1999.
* Territórios de confronto: Campina Grande 1920-1945. Fábio Gutemberg, 2006
* Feira de Campina Grande: um museu vivo da cultura popular e do folclore nordestino - Francisco Pereira Júnior, 1977.
* Memorial urbano de Campina Grande - José Edmilson Rodrigues (Org.), 1996.
* Síntese histórica de Campina Grande (1670-1963) - Lino Gomes da S. Filho, 2005.
* Derramando susto: os escravos e o quebra-quilos em Campina Grande - Luciano Mendonça de Lima, 2006.
* O caminho das águas de Campina Grande - Luiz Hugo Guimarães, 2001.
* Notas Sobre o município de Campina Grande - Manoel Meireles (Org.), 1962.
* História de Campina Grande na década de 30 - Manoel V. de Souza, 2008.
* Campina Grande ontem e hoje - Ronaldo Dinoá, 2004.
* Memórias de Campina Grande (2 volumes) - Ronaldo Dinoá, n/d.
* A festa junina em Campina Grande - Severino Alves de L. Filho, 2007.
* Escola polítécnica de Campina Grande: uma experiência de desenvolvimento - Stênio Lópes, 1991.
* Multiplos discursos sobre a feira de Campina Grande - Giovanna de Aquino F. Araújo, 2006.
* O algodão em Campina Grande: uma discussão acerca dos livros didáticos de história - Jair B. Araújo, 2006.
* A cidade revelada: Campina Grande em imagens e história - Severino Cabral Filho, 2009.
* Da cidade de pedra à cidade de papel: projetos de educação e projetos de cidades - Campina Grande, 1959. Alarcon Agra do Ó, 2006.
* O doce veneno da Noite - Uelba Alexandre do nascimento, 2008.
* Cativos da Rainha da Borborema: uma história social da escravidão em Campina Grande (séc. XIX) - Luciano Mendonça, 2009.

Como podemos ver, é uma relação ainda pequena uma vez que a produção é enorme. Vou tentar ampliar essa relação enquanto aguardo indicações que me ajudem a compor essa lista. Mão à obra. Mandem também indicação de artigos escritos sobre a cidade.

Enquanto amplio a lista, deixo vocês com um pouco dessa história. Vamos dar uma olhadinha em dois trabalhos que tem a cidade como objeto. O artigo de Giscard Farias Agra, "A urbs doente medicada: higienizando Campina G(g)rande, 1877 a 1935", e o artigo do Fábio Gutemberg, "Campina Grande: cartografias de uma reforma urbana no Nordeste do Brasil (1930-1945), publicado em 2003.

Abaixo vocês podem ler os resumos e baixar os artigos:

RESUMO: A emergência dos discursos científicos da modernidade provocou uma mudança no olhar lançado a hábitos e costumes urbanos nas primeiras décadas do século XX. Até então vistos como hábitos comuns, cotidianos e até mesmo saudáveis, passaram a ser ditos e vistos como atrasados e anti-higiênicos, e as cidades e seus moradores se tornaram corpos doentes a serem medicados em nome do progresso. Narramos, assim, uma história possível das idéias que nomearam e classificaram a doença como um elemento a ser superado pelos conhecimentos científicos da modernidade, e como essas idéias foram apropriadas, transformadas e enunciadas na cidade de Campina Grande, entre 1877 e 1935, com o objetivo declarado de torná-la “grande”, moderna, civilizada e higiênica.

RESUMO: Este artigo analisa os projetos e as tensões que marcaram a vida dos habitantes de Campina Grande, Paraíba, no período de 1930 a 1945, quando a cidade foi palco de uma atribulada reforma urbana. Busca compreender como as elites letradas e proprietárias campinenses vivenciaram essas mudanças que afastaram parcela dos comerciantes, profissionais liberais, proprietários de terra e de imóveis etc. das ruas centrais, palco principal da sua teatralização do poder. Além de analisar o caráter singular da reforma urbana de Campina Grande, problematiza-se parte da historiografia brasileira que superestima a dimensão disciplinar que teria marcado o advento das cidades modernas no Brasil, pois, mais do que a universalização dos chamados valores modernos, encontram-se tensões e múltiplas leituras da sua institucionalização.


Baixe aqui o texto do Giscard Farias:
http://snh2007.anpuh.org/resources/content/anais/Giscard%20Farias%20Agra.pdf

E o texto do Fábio Gutemberg:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882003000200004&script=sci_arttext

Bares e boemia na Campina Grande de ontem e de hoje


Bronx Bar


Albert Camus, no monólogo “A queda”, dizia muito apropriadamente pela voz de Jean-Baptiste Clamance, bebedor de Amsterdam, que “uma forma cômoda de se travar conhecimento com uma cidade é procurar saber como se trabalha, como se ama e como se morre”. Sem muitas pretensões, acho que poderíamos complementar essa frase de efeito de Camus. Não seria demais dizer que, para se entender uma cidade, é preciso saber como nela se trabalha, se ama, se morre e, também, como nela se bebe. Pensando nisso, resolvi escavar a memória e fazer uma lista dos bares que fizeram e fazem até hoje a história de Campina Grande. Um percurso etílico para travar conhecimento com essa cidade. Você pode nos ajudar nessa empreitada boêmia. Veja a lista e contribua.

Os Bares:- Galeto, Boião, Aplauso, Barroco, Visual, Buracão, O Canecão, O Porão, Cave, Chopinho, Psiu, Babusca, Prive, Papai Noel, Nossa cervejaria, 2001, 2002, Chope do Alemão, Malibu, Paulu’s, Caldo do peixe de Rostan, Bar do Caldo do Peixe de seu Ferreira, Bar da moela, Refavela, Beco 31, Genival, Luiz do Peixe, Dr. Chope, Bar do Cuzcuz, Bar do Brito, Tia Eulâmpia, Bar da Mara, Agamenon, Bar de Anacleto, Ferro de engomar, Q’doca, Baixinho, George, Bar do Vavá, Bar e arte, Bronx, Largo da Boemia, Tenebra, UTI dos Biriteiros, Paraná, Fava do Léo e Casa do Léo, Lennon Bar, Cantinho Universitário (CU), Murão, Coreto (no Catolé), Magia do verde, Banana Beer, Bar do Queiroz (na rua Sergipe, Liberdade), Bodega bar e restaurante, Cervejaria Anel do Brejo, Salon Bar, Sandro’s bar, O matutão, Bar da Branca (em Lagoa Seca), O Lindão.

Para dançar:- Céu, Maria Fumaça, Esquina, Chariot, Boate Cartola.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Bares de Campina Grande: O bar de Anacleto

Vamos tomar uma no bar de Seu Anacleto

Para quem gosta de uma cerveja gelada, uma boa cachaça e um ambiente agradável para conversar, o bar do Anacleto é uma boa pedida. Lá você não vai encontrar um lugar amplo e arejado com garçons de gravata servindo o seu copo. Também não vai encontrar o conforto regalado de cadeiras acolchoadas e mesas chiques com tampa de vidro. Lá não! O bar de Anacleto é bem simples. Pequeno e simples. Algumas mesas, tamboretes e cadeiras disputam harmoniosamente o espaço com um grande freezer cheio de cerveja, com os clientes falantes e com o disputado balcão, atrás do qual os filhos de seu Anacleto e ele mesmo, em rodízio, se viram para atender os fregueses. É o típico bar que eu gosto de freqüentar. Pequeno como um bom e agradável boteco, simples e alegre, sempre cheio de gente querendo almoçar ou simplesmente tomar uma antes do almoço ou mesmo dar aquela esticadinha.
Nunca se está só no bar do Anacleto. Ou você já conhece alguém (principalmente se já é freqüentador) ou certamente vai conhecer. Lá a conversa rola à solta. O pequeno ambiente convida os clientes a dividir o espaço do balcão, a sentar-se à mesa de cadeira vazia e dividi-la com um amigo ou um até então desconhecido. Pronto. É só o que se precisa para a conversa correr solta, e os bons amigos reafirmarem a amizade, e novos amigos se encontrarem. Quando fui pela primeira vez ao bar de Anacleto não conhecia ninguém. Cheguei meio desconfiado, tentando me situar. Não deu outra e não foi preciso muito tempo. Quando dei por mim já estava integrado na ecologia do bar, em simbiose com a fauna do lugar.
Anacleto é um bar para pessoas simples, despojadas de orgulho e de frescura. Tem que gostar de balcão, não se importar com barulho ou aperto, saber dividir espaços e não se importar com luxo ou requinte. Professores e alunos, trabalhadores do comércio, flanelinhas e guardadores de carro, sapateiros, marceneiros, profissionais liberais, funcionários públicos e desempregados freqüentam o bar. Gente de todo tipo, condição e origem social se mistura democraticamente para conversar e apreciar uma boa bebida e um bom tira-gosto.






Em Anacleto você escolhe. Quer almoçar? Tudo bem. Tem feijão, arroz, macarrão, verdura e carne de qualidade (geralmente mais de um tipo). O básico e necessário a uma boa refeição. Quer apenas beber e saborear um tira-gosto? Não tem problema! Tem fava na quarta-feira, feijoada na sexta, tem frango assado, lingüiça, bife bisteca de porco, tudo feitinho na hora pelos mestres-cuca do bar. Você pode ainda acompanhar a carne de sua preferência com arroz, feijão e verdura e ainda usufruir de uma boa pimenta. Lá você ajuda a montar o seu tira-gosto.
Anacleto é um trezeano convicto e apaixonado. Contudo, o bar é democrático em termos de futebol, a começar por alguns dos filhos do dono que são raposeiros, e pela mistura de preferências futebolísticas dos freqüentadores. Além de trezeano, Anacleto é apaixonado pelo jogo de Damas. Não se encabule se, à tarde, quando o movimento esmorece, você presenciar uma boa disputa de damas entre jogadores de primeiro time.
Um bar de família, dos homens da família do seu Anacleto. Ele e os três filhos tocam o bar, dividem as tarefas e fazem a alegria de todos.


 Seu Anacleto esperando companheiro para jogar damas


O companheiro chegou


Vá lá. Visite o bar de Seu Anacleto. O bar fica bem no centro de Campina Grande, na rua Getúlio Vargas, em frente a outro bar famoso, o Ferro de Engomar. É fácil chegar lá. Se estiver na Praça da Bandeira, siga a rua que fica ao lado dos Correios. Pergunte que todo mundo informa.

O Açude Velho de tantas histórias




O Açude Velho foi o primeiro açude construido em Campina Grande. Localizado bem no centro da cidade, o açude é hoje um cartão postal do município e uma de suas áreas de lazer e esportes mais conhecidas. Nas suas margens a população caminha, corre, anda de bicicleta e pratica diferentes outros esportes. Em torno do açude se localizam também um bom número de bares e restaurantes que agitam a noite da cidade. Os monumentos aos tropeiros da borborema e a Jakson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, bem como o Museu de Arte Popular da Paraíba, projeto do arquiteto Oscar Niemayer, circundam as suas águas.
Construído por causa de uma grande seca que se abateu ferozmente sobre o Nordeste entre os anos de 1824 e 1828, o açude só foi inaugurado em 1830. Erguido no leito do antigo "riacho das piabas", o açude serviu durante anos ao povo de Campina e da região do Compartimento da Borborema que usava de suas águas para diversos fins. Conta-se, por exemplo, que em suas águas banhavam-se homens e mulheres, cada qual em um canto previamente definido do açude para se resguardar os pudores. Conta-se ainda que a população local banhava os  animais de estimação (burros, cavalos, etc) nas águas do famoso manancial.
Ainda em 1830 foi inaugurado um outro açude no município, o Açude Novo, hoje Parque Evaldo Cruz, e em 1915 foi inaugurado o também famoso Açude de Bodocongó. Este último dá nome a um populoso bairro da cidade e foi imortalizado pela voz de Elba Ramalho (falaremos sobre eles depois). Como se pode ver, a preocupação com a construção de açudes é um reflexo do problema da escassez de água na cidade e na região, problema que só vai se resolver com a construção do açude Epitácio Pessoa, o Açude de Boqueirão, na cidade do mesmo nome.

Nas fotos abaixo, podemos ver o Açude Velho em fases diferentes. Na primeira foto, podemos notar que a urbanização de suas margens praticamente não existia e o açude ainda se apresentava ao natural, com pequenos casebres ao seu redor. A expansão urbana em sua direção era ainda incipiente. Na foto seguinte, podemos notar Campina Grande ocupando as margens do açude. 


Foto: coleção particular de Lêda Santos de Andrade




Nas fotos que se seguem, podemos observar o Açude Velho nos dias de hoje, completamente urbanizado e bem integrado à cidade como área de lazer e esportes. Note-se ao seu redor as edificações modernas e a sua arborização, com destaque para as grandes palmeiras que circundam sua margem. 


















 



Uma Curiosidade sobre o açude Velho: Fundada em Campina Grande pelo empresário Roldão Mangueira de Figueiredo, a seita messiânica conhecida como os Borboletas Azuis, assim chamados pela vestimenta azul e branca que seus membros costumavam usar, pregava que o mundo seria destruído por um dilúvio na década de 1980 do século passado. A catástrofe foi anunciada para o dia 13 de maio de 1980. Naquele dia, conforme "profetizou" Roldão Mangueira, as comportas do céu seriam abertas e as águas iriam inundar toda a Terra. No seu período aureo, a seita chegou a ter aproximadamente 700 membros e atraiu a atenção do mundo inteiro para Campina Grande.
O curioso: Roldão Mangueira, certa vez, seguido de suas borboletas azuis, resolveu que iria atravessar o açude velho andando sobre suas águas. Era mais uma prova do seu poder e de que o fim dos tempos estava mesmo por vir. É claro que Roldão Mangueira foi prontamente demovido dessa idéia. O Corpo de Bombeiros,  chegou justamente quando o grupo liderado pelo profeta se preparava para entrar nas águas do açude.

Você pode ler mais sobre a seita no artigo "Borboletas azuis: crenças de um movimento messiânico-milenarista", escrito por Lidiane Cordeiro Rafael de Araújo, Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.

Baixe aqui o artigo:

Sobre os borboletas azuis e muitas outras histórias de e sobre Campina Grande visite também o blog:


Como se não bastasse tanta história e tanta curiosidade, o Açude Velho abriga ainda um morador ilustre em suas águas: um jacaré. Isso mesmo, um jacaré. Não se sabe ao certo de onde ele veio, se de algum criatório particular ou de outro local. O certo é que ele escolheu o açude velho como sua moradia, como atesta uma reportagem da TV Itararé, emissora de TV local. Pois é, acabou o mistério. O jacaré do açude velho não é uma lenda urbana. É realidade. Assista o vídeo em  http://www.youtube.com/watch?v=orjUzOdDUkg


O jacaré passeando pelo canal que dá acesso ao açude - foto internet