Campina Grande experimentou o que nem Roldão Mangueira conseguiu realizar: caminhar sobre as águas do Açude Velho.
Em 1980 o lider da seita "Os Borboletas Azuis", Roldão Mangueira, em um delírio profético, prometeu que iria caminhar sobre as águas do Açude Velho, a exemplo do que havia feito Jesus Cristo. A sua intenção com o gesto era provar que o fim do mundo estava perto, que a grande catástrofe aconteceria naquele mesmo ano, e que o seu povo seria o eleito e estaria salvo. Roldão Mangueira terminou não atravessando o açude e o mundo, como ficamos sabendo depois, não acabou sob a ação do fogo e da chuva. Não se sabe ao certo o que teria impedido o profeta Roldão de andar sobre as águas do Açude Velho. Dizem que os bombeiros o impediram de entrar nas águas quando tudo já estava pronto. Dizem também que ele sumiu, desapareceu no fatídico dia, não se sabe ao certo porque. O certo é que ele não andou sobre as águas, mas deixou no ar um certo mistério em torno do não feito.
Pois bem. Exatos 32 anos depois e com o mundo resistindo à sua extinção, a população de Campina Grande pode experimentar aquilo que nem o profeta conseguiu fazer: caminhar sobre as águas do Açude Velho. E isto foi possível graças à ação de um novo profeta, o artista plástico e professor Jarrier Alves. Jarrier construiu uma ponte de 150 metros cuzando de um lado a outro o Açude Velho. Toda construída em material reciclado colhido nos lixos de Campina, madeira, cordames e pelo menos 8 mil garrafas de plástico, a instalação serviu para alertar a população da necessidade de se cuidar melhor do lixo urbano e, ao mesmo tempo, homenagear o antigo profeta campinagrandense nos 32 anos daquilo que seria o seu maior feito: caminhar sobre as águas do velho cartão postal de Campina. E a população aproveitou para curtir uma de profeta e caminhar sobre as águas calmas do açude, sob o olhar vigilante do Corpo de Bombeiros.
Roldão Mangueira foi o lider da seita messiânica "Os Borboletas Azuis" que teve o seu período mais ativo entre os anos de 1970 e 1980. Roldão pregava que o mundo seria destruído exatamente no dia 13 de maio de 1980. Ele afirmava com segurança que uma enorme bola de fogo iria cruzar o céu, que o sol iria girar três vezes consecutivas e que um trovão ensurdecedor iria ecoar por toda a Serra da Borborema. Em seguida, segundo ele, choveria ininterruptamente por 120 dias, acabando por completar a extinção do mundo. Apenas os fieis da seita, seguros em sua Igreja, seriam salvos. A seita tinha sua sede no bairro do Quarenta, num igrejinha chamada "Casa de Caridade Jesus no Horto". Trancados na sede os fieis, depois de acumularem gêneros alimentícios em abundância, esperariam o fim do mundo em segurança.
Roldão Mangueira. Foto: Junot Lacet/DB/D.A Press
Últimos remanescentes da seita. Foto: rededenoticias.com
lembro bem deste maluco que falava que iria atravessar o açude velho, eu morava em santa rosa e ele não gostava do frei Damião, cara faz muito tempo eu tinha apenas 11 anos e hoje em Brasília tá bem melhor kkkkkkkk
ResponderExcluirVerdade. Roldão queria cruzar o açude. Mas não deu. Continue acessando o Rainha da Borborema.
Excluirabraço.
Excelente artigo professor Jamerson! Parabéns!
ResponderExcluirValeu. Obrigado. Continue acessando o blog.
ExcluirTony Tomaz
ResponderExcluirSrs. Do ponto de vista ecológico foi uma atitude louvável, já do ponto de vista historiográfico foi lamentável. Roldão jamais falou em atravessar o açude. tenho a versão oficial dos "borboletas".
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ResponderExcluirLembro-me muito bem, em 1980 eu tinha 16 anos. Eu morava no Bairro Centenário, estudava a 8ª série no Colégio Estadual da Liberdade. Desde 1985 estou em Porto Alegre-RS. Estou há 32 anos fora de minha Campina Grande, sem nunca mais ter retornado.
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