Campina Grande nasceu aqui, bem aqui na rua Vila Nova da Rainha. Em seu livro "Datas campinenses", o escritor Epaminondas Câmara afirma que os índios "[...] aldeados por Teodósio fixaram-se, definitivamente, no sítio das Barrocas, dando início ao povoado da Campina Grande". Depois do aldeamento, as coisas começaram a mudar rapidamente. Aos poucos, o ajuntamento começou a se desenvolver. Foram surgindo "[...] casebres de taipa e telha, formando a primeira rua e novas moradias do mesmo tipo foram sendo construídas em torno da capela". Essa primeira rua de que nos fala Epaminondas não é outra que não a Vila Nova da Rainha, antes rua das Barrocas, berço de nossa cidade. A pequena capela que foi erguida no alto da colina após o ordenamento das primeiras moradias, bem à esquerda de quem sobe hoje a velha rua, é a nossa Igreja Matriz. Hoje a Igreja ocupa de forma imponente a Avenida Floriano Peixoto, de costas para a rua Afonso Campos, olhando do alto e de costas a rua que viu nascer Campina Grande.
A Vila Nova da Raínha e, no topo da colina, como queria Epaminondas Câmara, a Igreja.
Nas imediações da antiga rua das Barrocas começam a aparecer as primeiras "[...] casas de farinha, cujos produtos já estavam abastecendo a feira da rua das Barrocas. Em razão da procura de este e de outros cereais, o povoado foi se tornando um pouso quase obrigatório dos boiadeiros e tropeiros do interior". E assim nascia Campina Grande, de um aldeamento de índios que se transforma em rua, que se consolida com uma feira que crescia para abastecer os tropeiros e boiadeiros que faziam a ligação entre o sertão interior e o litoral. Esta vocação de Campina para atrair gente de todo canto e ser um ponto de encontro e de passagem se deve, em parte, à localização geográfica da cidade, situada na extremidade sul do agreste, ponto de contato entre o brejo, o cariri e o sertão.
Nas suas origens, Campina Grande deveu muito à força interiorizadora do gado e do algodão e à sua localização às margens das estradas gerais. "Campina era, na época, a única localidade paraibana da qual partiam cinco daquelas estradas - as mais bem servidas aliás - e a que reunia a mais abundante feira de gado". Boiadeiros, almocreves e tropeiros deram vida à Vila Nova da Rainha, fazendo convergir para a região a sua força aglomeradora e civilizadora. Uma rua e uma feira marcariam definitivamente o início de Campina Grande.
O Colégio 11 de Outubro
A maternidade Elpídio de Almeida
O prédio da Sociedade Odontológica
A rua Vila Nova da Rainha é hoje uma rua com forte apelo comercial, apesar de ainda restarem por lá casas de moradia. Supermercados, hotéis, colégios, lanchonetes e um comércio variado tomam conta de toda a rua. Além do mais, a feira central de Campina ainda se encontra por lá, no seu entorno. A Vila nova da Rainha é uma porta de entrada para a feira e um espelho de sua agitação cotidiana. A entrada para a feira das flores, por exemplo, se dá pela rua. Além do mais ela abriga a única maternidade pública do município, a maternidade Elpídio de Almeida, a Sociedade Odontológica de Campina, e o antigo e tradicional Colégio 11 de Outubro.
Utilizamos nessa postagem o livro "Datas Campinenses", do escritor Epaminondas Câmara, quando precisamos relembrar o passado antigo da rua Vila Nova da Rainha e sua importância para o surgimento de Campina Grande. As citações do autor se encontram em destaque. Referência: CÂMARA, Epaminondas. Datas Campinenses. Campina Grande: Editora Caravela, 1988.
Ali era pra ter algum monumento indicando que ali nasceu Campina, que ali os índios Arius montaram assentamento e ali eles construíram casas e o que viria a ser a rua Oriente. Passei ali por décadas e nunca me atentei sobre a importância histórica daquela rua, até estudar a história da nossa cidade.
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