Imortalizados por Jackson do Pandeiro na música "Forró em Campina", o Beco da Pororoca e Maria Garrafada se confundem. O poeta do rítimo faz mesmo uma mistura entre os dois, insinuando que eles são mesmo um só, um amálgama, uma junção de Maria com Pororoca. Rebuscando a memória, doido de saudade, Jackson não se contém...
Cantando meu forró vem à lembrança
O meu tempo de criança que me faz chorar.
Ó linda flor, linda morena
Campina Grande, minha Borborema.
Me lembro de Maria Pororoca
De Josefa Triburtino, e de Carminha Vilar.
Bodocongó, Alto Branco e Zé Pinheiro
Aprendi tocar pandeiro nos forrós de lá
O meu tempo de criança que me faz chorar.
Ó linda flor, linda morena
Campina Grande, minha Borborema.
Me lembro de Maria Pororoca
De Josefa Triburtino, e de Carminha Vilar.
Bodocongó, Alto Branco e Zé Pinheiro
Aprendi tocar pandeiro nos forrós de lá
Uma ode de saudade à Campina Grande, cheia de lembranças doces e ternas que, entre outras coisas, não esquece o velho Beco e a saudosa Maria, a velha prostituta que dormiu com Campina e se incorporou ao patrimônio histórico-sentimental da cidade, no dizer de um cronista local. Pelo Beco, filhos lustres da cidade correram furtivamente pelas noites frias procurando os seus braços acolhedores.
O Beco da Pororoca: ruina e decadência
A Pororoca hoje parece um espaço dividido. De um lado, uma rua moderna no centro de Campina. De outro, as ruinas do antigo beco, com um casario em pleno declínio e abandono. Nos anos 1990, um surto preservacionista tomou conta do beco. Um projeto cultural transformou o casario em espaço de lazer e cultura. As casas foram revitalizadas e passaram a abrigar bares, com programação cultural e musical diversa. O beco se encheu novamente de vida e alegria. Virou novamente o lugar preferido dos boêmios da serra famosa. Um dos bares inclusive recebeu o nome de Maria Garrafada, com uma decoração cheia de estilo. Mas tudo ruiu novamente, e o abandono, e o descaso. Foram bons tempos, boas noites, tão bons como aqueles que povoaram as lembranças de Jackson e de Chico Maria.
Novamente Chico Maria. Ele nos dá um quadro preciso dessa simbiose entre Maria, o Beco e Campina Grande. Nas suas Crônicas, escritas em 1978, ele diz: "Ainda mora no Beco da Pororoca, em quarto humilde, em cujas paredes sisudas e desbotadas retratos de destacadas figuras da melhor sociedade são testemunhas mudas do trabalho noturno de Maria" (1). Quantas histórias guardam esse beco! Quantos fantasmas ainda teimam em passear pela rua procurando Maria para uma noite de acalanto! Quantos!
Abaixo você pode ouvir, na voz de Jackson, a música "Forro em Campina", e recordar com ele uma cidade que não existe mais, a não ser na lembrança.
Fonte: www.forroemvinil.com
Notas:
(1) FILHO, Francisco Maria. Crônicas. João Pessoa: A União, 1978. p. 25.
Nenhum comentário:
Postar um comentário