quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O Beco da Pororoca

Uma homenagem ao Beco e a Maria Garrafada, sua moradora mais ilustre

Imortalizados por Jackson do Pandeiro na música "Forró em Campina", o Beco da Pororoca e Maria Garrafada se confundem. O poeta do rítimo faz mesmo uma mistura entre os dois, insinuando que eles são mesmo um só, um amálgama, uma junção de Maria com Pororoca. Rebuscando a memória, doido de saudade, Jackson não se contém...

Cantando meu forró vem à lembrança
O meu tempo de criança que me faz chorar.
Ó linda flor, linda morena
Campina Grande, minha Borborema.
Me lembro de Maria Pororoca
De Josefa Triburtino, e de Carminha Vilar.
Bodocongó, Alto Branco e Zé Pinheiro
Aprendi tocar pandeiro nos forrós de lá

Uma ode de saudade à Campina Grande, cheia de lembranças doces e ternas que, entre outras coisas, não esquece o velho Beco e a saudosa Maria, a velha prostituta que dormiu com Campina e se incorporou ao patrimônio histórico-sentimental da cidade, no dizer de um cronista local. Pelo Beco, filhos lustres da cidade correram furtivamente pelas noites frias procurando os seus braços acolhedores.


O Beco da Pororoca: ruina e decadência


A Pororoca hoje parece um espaço dividido. De um lado, uma rua moderna no centro de Campina. De outro, as ruinas do antigo beco, com um casario em pleno declínio e abandono. Nos anos 1990, um surto preservacionista tomou conta do beco. Um projeto cultural transformou o casario em espaço de lazer e cultura. As casas foram revitalizadas e passaram a abrigar bares, com programação cultural e musical diversa. O beco se encheu novamente de vida e alegria. Virou novamente o lugar preferido dos boêmios da serra famosa. Um dos bares inclusive recebeu o nome de Maria Garrafada, com uma decoração cheia de estilo. Mas tudo ruiu novamente, e o abandono, e o descaso. Foram bons tempos, boas noites, tão bons como aqueles que povoaram as lembranças de Jackson e de Chico Maria.






Novamente Chico Maria. Ele nos dá um quadro preciso dessa simbiose entre Maria, o Beco e Campina Grande. Nas suas Crônicas, escritas em 1978, ele diz: "Ainda mora no Beco da Pororoca, em quarto humilde, em cujas paredes sisudas e desbotadas retratos de destacadas figuras da melhor sociedade são testemunhas mudas do trabalho noturno de Maria" (1). Quantas histórias guardam esse beco! Quantos fantasmas ainda teimam em passear pela rua procurando Maria para uma noite de acalanto! Quantos!

Abaixo você pode ouvir, na voz de Jackson, a música "Forro em Campina", e recordar com ele uma cidade que não existe mais, a não ser na lembrança.




Notas: 
(1) FILHO, Francisco Maria. Crônicas. João Pessoa: A União, 1978. p. 25.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pelas ruas estreitas de Campina

Você sabe dizer onde está?

Olhe para a foto abaixo e responda bem rápido, sem pestanejar, onde você está. Que rua é essa? onde fica? Você é capaz de responder com rapidez? Se é, meus parabéns! Você conhece bem o centro de Campina Grande.




Se você acertou, muito bem. Se não, eu vou dizer. Essa rua, que mais parece um beco estreito, fica entre a avenida Floriano Peixoto e a rua Peregrino de Carvalho, aquela mesmo, que acaba ou começa na ferinha de frutas, perto da rodoviária velha. Acho que muita gente que mora em Campina já deve ter se deparado, visto ou mesmo cruzado esta ruela, apressado, tentando cortar caminho e diminuir o tempo. Outros devem ter passado por ela distraídos, displicentes e nem sequer repararam. Outros, quem sabe, sequer tomaram conhecimento de sua existência. O certo é que ela existe. Uma de suas entradas fica bem próximo ao Museu Histórico de Campina Grande, na Floriano Peixoto, e quase em frente à Igreja Matriz do município, a Catedral. Ah! Apesar de estreitinha e escondida a rua tem nome. Chama-se rua Conselheiro Eufrosino Barbosa Pontes.




Incrível. Já cruzei tantas vezes essa rua cortando caminho e nunca tinha atentado para o seu nome. Nunca me passou pela cabeça descobrir como ela se chamava, se era rua ou beco e coisas do tipo. Só recentemente, caminhando pelo centro da cidade numa manhã ensolarada de domingo, reparei com maior atenção e resolvi fazer um rápido registro.








Uma questão. Quem foi o Conselheiro Eufrosino Barbosa Pontes? Procurei muito rapidamente na net mas não encontrei nada. Nem referência à rua. Vou ver se encontro informações a respeito e depois escrevo sobre ele. Se vocês sabem de algo escrevam para mim. Deixem comentários.