sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A Rua Maciel Pinheiro

Charme e elegância no coração de Campina




A Maciel Pinheiro é uma das ruas mais conhecidas e emblemáticas de Campina Grande. Ela é mesmo um símbolo encravado no coração da Borborema, seja por sua importância estratégica, localizada em pleno coração pulsante da cidade rainha, seja pela sua história, longa como a própria história de Campina. E quanta história tem essa rua... E quanto de minha história se perde nos poucos metros que definem essa rua histórica.

A primeira vez que botei os pés na Rua Maciel Pinheiro foi em 1975. Na época havia acabado de me mudar para Campina Grande, vindo das bandas de Sapé. Eu tinha apenas dez anos e nem sabia ao certo que essa cidade existia, muito menos esta rua tradicional que passou a fazer parte de minha vida. Era julho de 1975 e eu, ainda uma criança, subi a ladeira da Cardoso Vieira, pelos lados da Olacanti e da rodoviária velha, para me deparar com a Maciel Pinheiro, cruzando antes a Barão do Abiaí. Foi a minha primeira impressão de Campina e do centro de Campina. E foi realmente um impacto! Olhar a cidade daquela ladeira íngreme, com prédios que pareciam desafiar os efeitos da gravidade, caindo sobre os meus ombros. Nunca mais esqueci. Como esquecer aquela sensação de imponência de uma cidade que vem de cima?  E eis que logo à frente, depois da vertigem, a cidade me aparece pela Maciel Pinheiro. Olhei para um lado e para o outro: na minha frente a boate skina, que eu só viria a conhecer bem depois; à esquerda, o edifício Palomo e a antiga Câmara Municipal; à direita, a inesquecível livraria Pedrosa. E foi assim que Campina entrou, pelas ladeiras, na minha história. Nunca mais esqueci esta primeira impressão que tive da rua e do centro comercial de Campina Grande. Ficou gravada para sempre em minha memória.

Ao longo de sua história, a velha rua passou por inúmeras modificações. Até 1930, a Rua Grande, como era conhecida, era a principal rua de Campina Grande. Lá morava a elite local e nela se localizavam e se desenvolviam as principais atividades culturais, políticas e econômicas da cidade. A feira, por exemplo, era realizada nessa rua. As procissões, o carnaval, as casas de cinema e teatro também se localizavam ali. Contudo, a partir dos anos 1930, nas gestões do prefeito Vergniaud Wanderley, as intensas modificações que mudaram a face da rua tiveram início. "A Rua Grande, ou Maciel Pinheiro, que se iniciava no cruzamento com a Rua da Matriz e terminava na Praça Epitácio Pessoa, foi num primeiro momento alinhada, levando ao desaparecimento da praça e à destruição da base do monumento em homenagem ao ex-presidente do País que chefiara nas décadas de 10 e 20 a política oligárquica estadual" (1). Começava ai um periodo de intensas mudanças que transformariam a velha Maciel Pinheiro.


Maciel Pinheiro em 1932
Foto: Coleção particular de Lêda Santos de Andrade


A Maciel Pinheiro em 1960
Foto: Internet


Desde 1975 eu pude acompanhar algumas das mudanças que marcaram a Maciel Pinheiro. Ví a extinção da Boate Skina e a demolição do prédio para a construção de um edifício modernoso. Ví o calçadão ser erguido durante o governo de Ronaldo Cunha Lima e a transformação da rua em um enorme comércio ambulante. Ví o mesmo calçadão ser removido e a rua novamente aberta à circulação de veículos. Ví, com muito pesar, o fechamento da Livraria Pedrosa, a mudança da Câmara municipal, a destruição e a reforma de vários prédios em estilo Art Déco... Francamente, a rua parece viva, em permanente mutação.


O sobrado de Cristiano Lauritzen escondido por traz da Livraria Pedrosa


A livraria Pedrosa e, ao lado, recuado, o sobrado do ex-prefeito Cristiano Lauritzen


As fotos acima são testemunhas das mudanças que foram implementadas na rua por Vergniaud Wanderley. A construção do prédio da livraria praticamente escondeu o sobrado de Cristiano Lauritzen, velho representante das elites que dominavam Campina Grande durante a República Velha. A rivalidade política local mexendo com a dinâmica de nossas ruas. Nas fotos abaixo podemos  observar a rua em toda a sua extensão.








A rua Maciel pinheiro abrigou por muito tempo, acho que durante os anos 1970-80, a sede do Treze Futebol Clube, o Galo da Borborema. Até meados dos anos 1930 a rua abrigou também uma sociedade de letras, o "gabinete de Leitura 7 de setembro", fundado em 1913 por José Gomes Coelho, nascido no município de Esperança no ano de 1898. A seguir uma série de fotos ilustrando o acervo arquitetônico em estilo Art Déco que caracteriza o centro da cidade e toda a rua Maciel Pinheiro. Tambem heranças das mudanças urbanas implementadas por Vergniaud Wanderley. Campina Grande possui o segundo maior acervo de arquitetura em Art Déco do mundo, sendo superada apenas por Miami, nos EUA. O nosso problema é a concervação desse acervo e a sua manutenção.





A antiga Câmara municipal, hoje biblioteca pública do município






A antiga livraria Pedrosa.


A seguir você pode assistir a um vídeo sobre a rua Maciel Pinheiro. O vídeo foi produzido e exibido pelo programa "Diversidade", da TV Itararé de Campina Grande. Vale a pena fazer um passeio pela Rua Grande e sentir toda a sua história.



Fonte: Programa diversidade, TV Itararé - Campina Grande


Para conheçer um pouco a memória fotográfica da rua Maciel Pinheiro acesse o blog cgretalhos. Ele disponibiliza uma série de fotos belíssimas da velha rua. Acesse as fotografias clicando no link abaixo.

Sobre a arquitetura  Art Déco em Campina Grande, que se espalha por todo o centro e está presente  em toda a Maciel Pinheiro, vale a pena dar uma olhada no artigo "Art Déco em Campina Grande (PB): valorização, patrimonialização e esquecimento", escrito por Marcus Vinicius Dantas de Queiroz. Você pode acessar o artigo completo pelo link.
http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/Revista%20UFG%20%202010/Files/Art%20Deco%20em%20Campina%20Grande.pdf

Notas:
(1) SOUSA, Fabio Gutemberg Ramos Bezerra de. Campina Grande: cartografias de uma reforma urbana no Nordeste do Brasil (1930-1945). Rev. Bras. Hist. [online]. 2003, vol.23, n.46, pp. 61-92. p. 71.


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Bares e boemia em Campina Grande

Atualizando a nossa lista

O bar do genival, no centro de Campina


Com a ajuda de amigos e de leitores desse blog, vamos atualizar a lista dos bares de Campina Grande, refrescar a nossa memória e fazer um tributo aos bares de ontem e de hoje, que fizeram e continuam fazendo a alegria dos boêmios dessa cidade. Me ajudaram neste tributo os amigos do "balcão de bar". Numa tarde animada atualizamos a lista. Agradeço também a Calina, que me mandou comentário e sugeriu a inclusão de um bar que eu não conhecia. Então, ai vai.

Os bares:
- Bar de Isaac (na Odom Bezerra – Liberdade), Bar da Rose (Almirante Barroso), Cunha (ao lado do Teatro municipal), Almeida bar, Bar do bruxo, Chopileque, Marajó drinks, Copo livre, Chamas bar, Refazenda, Crizus, Piras bar, Bar da curva, Pilão dourado, Nossa cervejaria (no Jardim Paulistano), Casa velha, Bar da codorna, O Sítio Bar-restaurante, Dorjão (feira central), Bar do Peba (perto da STTP, largo da estação velha), O ceboleiro, Paturi. E mais: Sorveteria Flórida, Soveteria Riviera e o Bar do Sargento, na rua João Pessoa.

Para dançar:
- Ipiranga, Kilts night club, Boate Carro de Boi, Discovery (no museu vivo).

É isso aí. A lista foi devidamente atualizada. Mas o Rainha da Borborema continua aberto às sujestões de novos nomes. Vamos lá, contribuam. Para concluir, deixo com vocês uma quadrinha que encontrei num dos bares de Campina Grande.

O pobre e o rico são duas pessoas.
O soldado protege os dois.
O operário trabalha pelos três.
O cidadão paga pelos quatro.
O vagabundo come pelos cinco.
O advogado rouba os seis.
O padre condena os sete.
O médico mata os oito.
O coveiro entrerra os nove.
O diabo carrega os dez.

Encontrei esta preciosidade no Bar do Caldo de Peixe, em Campina Grande – PB. O bar fica na rua Almeida Barreto, bem ao lado da São Braz. Muito bem frequentado, o bar tem na cachaça e nos caldos, especialmente o de peixe, o seu carro chefe. Em breve falaremos sobre ele.